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O Estado dá a ordem e o Choque quem toma é o pobre

Não teve arrego por parte do Judiciário. Sem entender nada, morador@s levantam às 6h com a Tropa de Choque dentro da Comunidade.

(Foto: Jardiel Carvalho - R.U.A Foto Coletivo)

23 de fevereiro de 2016 às 6e12 da matina, cerca de 10 viaturas, um ônibus e uma base comunitária da PM travam o cruzamento da Avenida Cipriano Rodrigues com a Rua Manoel Ferreira Pires. A ação de remoção já começa prejudicando o cotidiano dos trabalhador@s da região que tiveram seus trajetos alterados por conta do remanejo das linhas de ônibus que costumam passar pelo local.


Dentro da Comunidade Masterbus o fluxo de pessoas e móveis é intenso. O Choque entra e se posiciona ao lado de um dos prédios onde ficavam algumas galinhas, patos, gansos e outras aves da criação do Sr. Durval (60), um dos moradores mais antigos da Ocupação Masterbus.


Desolada, uma senhora pede ajuda para retirar suas coisas do cômodo de 4m² no complexo de tijolos destruídos pela ira dos morado@s durante a madrugada, ao saber que a Juíza Karina Ferraro Amarante Innocencio não revogou o pedido de Reintegração de Posse do terreno de empresários citados nos escândalos da Lava Jato, Lista de Furnas e na Lista Suja do MTE por associação ao Trabalho Escravo.

(foto: Luiz Fabiano - Coletivo Mídia Nuclear)

O clima de despedida se misturava com a angústia de não saber ao certo para onde ir, eis que com a chegada do Secretário de Direitos Humanos, Eduardo Suplicy, o cenário se transforma. Expectativas ficam sugeridas nos sorrisos de alguns moradores, outros ignoram a presença do engravatado ali e prosseguem com a mudança. O Secretário passou cerca de duas horas ouvindo as demandas da comunidade que não via um político desde a época das eleições, segundo o Vídeo.


Entre pedidos de silêncio e gritos de revolta contra o único representante dos Direitos Humanos presente no local, uma moradora interfere na ouvidoria ambulante e tardia da Prefeitura, “Chega! Preciso tirar minhas coisas, vão me dando licença”, diz a moradora Socorro Gomes, mãe de dois filhos.

(foto: Gabriel Vasconcelos - Mídia Nuclear)


Antes de ir embora, Suplicy caminha com parte d@s morador@s para tentar diálogo com o comandante da ação, Coronel Lucco, sem sucesso ele se despede da comunidade pedindo licença para ir à sua terapia. Desabrigados, sem direito à moradia, muito menos à terapia, os morador@s voltam às atividades do dia: cuidar do que o Estado não cumpre por el@s. Se organizam para usar o número insuficiente de caminhões da Prefeitura para mudança, fica decidido que a prioridade é das mães autônomas com as crianças, enquanto isso os policiais seguem tomando café com leite e pão com manteiga na base comunitária mas essa foto não deu pra tirar porque imprensa alternativa tem cara de juventude ativista e parece que os milicos não vão curtem muito tirar retrato.


Suplicy trocando idéia com o Coronel Lucco (foto: Gabriel Vasconcelos - Mídia Nuclear)

Até a nossa saída do local, por volta das 9h00, não havia nenhum representante do Conselho Tutelar para acompanhar a comunidade que abrigava mais de 400 crianças. Além disso, não houve nenhum tipo de cadastramento dos moradores junto ao Poder Público para os devidos encaminhamentos legais que permeiam uma ação de Reintegração de Posse.


O descaso do Município com a população sem-teto é alarmante, em dois dias ocorreram http://goo.gl/KNnQBS, é bom se familiarizar com o termo gentrificação, parece que ele é tendência em 2016.



(foto: Gabriel Vasconcelos - Mídia Nuclear)


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